Olha, agora eu entendo direitinho porque
o Rio de Janeiro foi apelidada Cidade Maravilhosa. Que cidade linda! Me
apaixonei à primeira vista e sei como Tom Jobim se sentia: também "estou morrendo de saudades".
E não foi só a beleza física daquela cidade que me conquistou não. A
cidade maravilhosa também tem um astral maravilhoso, uma energia
vibrante e clima boêmio por onde quer que você vá. Como se isso não
fosse suficiente, o Rio fez eu me surpreender comigo mesma. Eu vou
contar como:
Quando eu viajo, não me acanho nem um
pouco de fazer papel de turistona mesmo. Quero ver as atrações
principais, faço fotos até o dedo fazer calo e se for diferente do que
eu conheço, quero ver, ouvir, fazer, conhecer. Tudo sem agonia, mas
também sem me envergonhar nem um pouquinho de ser turista. Por isso,
apesar de não ser nada religiosa e de não ter nenhuma simpatia especial
pela igreja católica fiz questão de ir ver o Cristo,
é claro. O ônibus de linha que nos levou ao Corcovado parecia mais um
ônibus de turismo. Só tinha gente, que como nós, tinha viajado muito pra
estar ali naquela cidade.
Em um determinado ponto, uma família de
turistas estrangeiros entrou no ônibus. Eles falavam espanhol e um dos
meninos, que deveria ter seus seis anos, ia observando as paisagens da
cidade e comentando o que via com seus pais. De repente, o Cristo pode
ser visto lá do alto. Muitas pessoas apontaram e comentaram, mas esse
menino gritou mesmo "Olha, olha o Cristo!!!". Sem que eu pudesse
entender ou controlar minha reação, as lágrimas começaram a rolar de
meus olhos. Não entendi nada. O menino, por sua vez, gritava empolgado
toda vez que o Cristo reaparecia a distância e isso de repente fez
minhas mãos gelarem, meu coração palpitar e enquanto tentava conter
minhas lágrimas, percebia minha ansiedade aumentar aguardando o momento
em que o garoto avistaria e anunciaria a atração. No final das contas
estava gritando junto com ele "Cristo! Cristo! Cristo!" "Fale sério,
Cris. Quanta abestalhação!!!" pensei comigo mesma. Mas algo mais forte
do que eu me impedia de me comportar como uma adulta normal naquele
momento.
Podem me chamar de brega se quiserem,
mas acho que naquele instante, me senti tocada diante do maravilhoso que
era estar perto de um monumento que já tinha sido visitado por milhões
de pessoas de lugares diferentes antes de mim. Me emocionei de novo só
de pensar que aquela turistada toda que ali estava naquele momento, por
mais diferentes que fossem, tinham um desejo em comum. O desejo de subir
aquele morro, admirar a paisagem, fazer fotos de braços abertos na
frente daquele monumento e de depois voltar pra casa, mostar suas fotos
aos amigos e dizer "eu estive alí". Naquele momento pensei que realmente
somos todos iguais e mais uma vez me emocionei. Fui invadida por uma
onda de felicidade e euforia de estar ali, muito parecida com a do
menino do ônibus. Só que dessa vez troquei as lágrimas pelas fotos pra
poder provar depois que eu realmente estive ali. Parecia surreal.
Me peguei instintivamente fazendo uma
oração na qual eu agradecia a Deus por ter permitido que, apesar de todo
o pragmatismo que a gente é obrigado a cultivar pra sobreviver nesse
nosso mundo, eu ainda fosse capaz de manter um olhar maravilhado com as
coisas, de poder me surpreender com pouco e me emocionar tão facilmente
com uma coisa tão banal como uma atração turística. Agradeci por isso e
por ainda conseguir, do auge de meus 35 anos, ter a mesma reação
inocente que uma criança diante de uma experiência emocionante.
Então
é isso mesmo, viu. Sou bobona e infantil e não consigo manter a pose
por muito tempo. Se quiserem gritem comigo com empogação: Cristo
Redentor! Rio de Janeiroooooo! Rio! Rio! Rio! Cidade Maravilhosaaaaaaaa!
Aquele abraço.
Cris e Cristo em pose super original;-) |
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