sábado, 8 de junho de 2013

Que linguística é essa?


Recentemente uma pessoa chamou minha atenção pro fato de que a mestra em linguística aqui, não sabe utilizar a crase. Aí eu fui mais além: e não é só na crase que eu me embanano toda, não. Não tenho a menor idéia de como usar vírgulas e hífens. Meus parágrafos também são escritos seguindo uma regra pouco convencional, a regra do fôlego. Sabe como ela funciona? Vou escrevendo na doida e depois do texto pronto, releio e saio metendo vírgulas, pontos e tudo quanto é tipo de pontuação que me ajude a respirar. Ah, e de vez em quando dou umas escorregadas com as concordâncias também...Deveria me envergonhar, né? Oxe, me poupe, claro que não! Escrevo assim porque é assim que eu gosto (escrever pra mim é um passatempo) e isso não diminui em nada meu título. Essa simplesmente não é minha linguista.

A linguística é uma ciência complexa e maravilhosa. Ela tem tantas subdivisões e abordagens que pra quem não faz parte desse universo chega a parecer meio misteriosa. Na época que eu estava concluindo o mestrado, toda vez que alguém perguntava o que eu estava estudando e eu dizia "linguística", a pessoa quase sempre terminava perguntando "quantas línguas você fala". Pra muitas pessoas o linguista é aquele que fala um monte de idiomas. Quem dera...

Nem todo linguísta tem de ser bom escritor também. Até mesmo porque a definição de "bom texto" pode variar de linguista pra linguista. Depende muito de quais aspectos da língua elxs julgam mais fascinantes e com os quais elxs se ocupam mais.

Mas afinal de contas de que se ocupa o linguista? Nossa, de tanta coisa... mas nunca de tudo ao mesmo tempo. Alguns investigam a origem das línguas, como elas se transformam com o tempo e com a regiões geográficas. Outros se interessam mais em saber como aprendemos esses idiomas, como falamos, o que entendemos. Há aqueles que querem descobrir melhores formas de ensinar e aprender esses idiomas. Tem também os que querem investigar a relação do que dizemos ou escrevemos com nossa realidade e as sociedades nas quais vivemos. Claro que também tem os que se ocupam das regras, mas o estudo de uma língua não se resume só a isso, né? Vale a pena lembrar...

O que pessoalmente mais me fascina na linguística, é como as línguas são processadas na cognição humana. O que entendemos e porque entendemos as palavras, frases e situações assim e não assado. As pesquisas desta área dão o suporte teórico que outros linguístas (e muitos outros profissionais) precisam pra criar e melhorar as ferramentas maravilhosas sem as quais não podemos mais imaginar nossas vidas. São os nossos dicionários, as ferramentas de busca da internet, o teclado dos nossos celulares e computadores. Tudo isso é ciência da cognição humana, uma área na qual a linguística se une a psicologia e por vezes à neurologia pra desvendar os mistérios de como nossa mente funciona. 

Toda vez que entenderem alguma coisa lá estamos nós. Se se comunicarem com alguém ou alguma coisa (tanto faz se oralmente por escrito), também. Portanto, aqui vai uma sugestão: da próxima vez que fizerem uma pesquisa no Google, quando estiverem perguntando coisas a Siri nos seus Ipads, quando perguntarem ao seus navegadores como se chega a tal lugar, lembrem de agradecer também a um linguista e por favor, perdoai as nossas crases.

P.S. A mestrA em linguistica aqui adoraria fazer um eletro-encefalograma nas pessoas que se arrepiam com erros de gramatica normativa, pra descobrir em que parte do celebro a ofensa fica resistrada. Como num vai tê como fazê isso online, Vou tentar midir o tempo de reacao das pessoas ao que estiver errado com meu texto. A contagem comeca já!

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