Recentemente
uma pessoa chamou minha atenção pro fato de que a mestra em
linguística aqui, não sabe utilizar a crase. Aí eu fui mais além:
e não é só na crase que eu me embanano toda, não. Não tenho a
menor idéia de como usar vírgulas e hífens. Meus parágrafos
também são escritos seguindo uma regra pouco convencional, a regra
do fôlego. Sabe como ela funciona? Vou escrevendo na doida e depois
do texto pronto, releio e saio metendo vírgulas, pontos e tudo
quanto é tipo de pontuação
que me ajude a respirar. Ah, e de vez em quando dou umas escorregadas
com as concordâncias também...Deveria me envergonhar, né? Oxe, me
poupe, claro que não! Escrevo
assim porque é assim que eu gosto (escrever pra mim é um
passatempo) e isso não diminui em nada meu título. Essa
simplesmente não é minha
linguista.
A
linguística é uma ciência complexa e maravilhosa. Ela tem tantas
subdivisões e abordagens que pra quem não faz parte desse universo
chega a parecer meio misteriosa. Na época que eu estava concluindo o
mestrado, toda vez que alguém perguntava o que eu estava estudando e
eu dizia "linguística", a pessoa quase sempre terminava
perguntando "quantas línguas você fala". Pra muitas
pessoas o linguista é aquele que fala um monte de idiomas. Quem
dera...
Nem
todo linguísta tem de ser bom escritor também. Até mesmo porque a
definição de "bom texto"
pode variar de linguista pra linguista. Depende muito de quais
aspectos da língua elxs julgam mais fascinantes e com os quais elxs
se ocupam mais.
Mas
afinal de contas de que se ocupa o linguista? Nossa, de tanta
coisa... mas nunca de tudo ao mesmo tempo. Alguns investigam a origem
das línguas, como elas se transformam com o tempo e com a regiões
geográficas. Outros se interessam mais em saber como aprendemos
esses idiomas, como falamos, o que entendemos. Há aqueles que querem
descobrir melhores formas de ensinar e aprender esses idiomas. Tem
também os que querem investigar a relação
do que dizemos ou escrevemos com nossa realidade e as sociedades nas
quais vivemos. Claro que também tem os que se ocupam das regras, mas
o estudo de uma língua não se
resume só a isso, né? Vale a pena lembrar...
O
que pessoalmente mais me fascina na linguística, é como as línguas
são processadas na cognição
humana. O que entendemos e porque entendemos as palavras, frases e
situações assim e não
assado. As pesquisas desta área dão
o suporte teórico que outros linguístas (e muitos outros
profissionais) precisam pra criar e melhorar as ferramentas
maravilhosas sem as quais não
podemos mais imaginar nossas vidas. São
os nossos dicionários, as ferramentas de busca da internet, o
teclado dos nossos celulares e computadores. Tudo isso é ciência da
cognição humana, uma área na
qual a linguística se une a psicologia e por vezes à neurologia pra
desvendar os mistérios de como nossa mente funciona.
Toda vez que
entenderem alguma coisa lá estamos nós. Se se comunicarem com
alguém ou alguma coisa (tanto faz se oralmente por escrito), também.
Portanto, aqui vai uma sugestão:
da próxima vez que fizerem uma pesquisa no Google, quando estiverem
perguntando coisas a Siri nos seus Ipads, quando perguntarem ao seus
navegadores como se chega a tal lugar, lembrem de agradecer também a
um linguista e por favor, perdoai as nossas crases.
P.S.
A mestrA em linguistica aqui adoraria fazer um eletro-encefalograma
nas pessoas que se arrepiam com erros de gramatica normativa, pra
descobrir em que parte do celebro a ofensa fica resistrada. Como num
vai tê como fazê isso online, Vou tentar midir o tempo de reacao
das pessoas ao que estiver errado com meu texto. A contagem comeca
já!
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